quarta-feira, 22 de junho de 2011

O ogro da floresta

Como trabalhar com os gibis? Os personagens, a identificação e sua importância na afetividade

                            
           É interessante quando falamos em personagens de estórias em quadrinhos e como as crianças se identificam com eles. Podemos trabalhar de diferentes formas e temas com os personagens. Partindo da personagem chave da Turma da Mônica, onde a própria Mônica possui um título de “Dona da rua” por possuir um temperamento forte, que não aceita desaforos e “joga seu coelhinho” em quem tentar passar pelo seu caminho. Podemos trabalhar com as crianças no sentido de tentar coloca-las no lugar da personagem, ou seja, de que forma as crianças aceitam alguém brigando e mandando nelas. Por outro lado perguntamos a elas se gostam que coloquem apelido e rotulem suas atitudes. Assim podemos fazer um jogo de identificação. Vale ressaltar da importância dos personagens “heróis”, pois pude perceber que quando a criança não tem uma família estruturada, um pai ausente, ou uma mãe super protetora, esta criança quase sempre adora ler estórias com personagens de heróis, seja super-homem, Homem Aranha, Batmam e outros do gêneros.
           Outra maneira de se trabalhar com a criança e promover leituras de gibi e em grupo e conversar sobre a estória lida. Cada um do grupo conta o que achou e o que entendeu da estorinha e depois em grupo conversamos o “certo e o errado”, e onde a estória combina com a vida de cada um, depois novamente em grupo conversamos sobre os relacionamentos, seja familiar ou social dos personagens e trazer para a nossa realidade o contexto da estória.
           As diferenças também podem ser trabalhadas com os gibis. O Cebolinha e o Chico Bento não falam totalmente errados, mas sim diferentes. O cebolinha tem um problema de articulação que e denominado “dislalia”, que segundo Issler (1990, Pag18), e o padrão articulatório da criança desviado fonemicamente do padrão normalmente aceito pela comunidade lingüistica adulta daquela língua, persistindo além da idade esperada numa linguagem em aquisição. Para Issler (1990), a dislalia não se característica uma lesão cerebral e não se trata de uma patologia fonaudiológica grave. É leve. Mas poderá se tornar um problema sério se persistir, além da idade de aquisição normal, se a providência de terapia e compreensão pelos pais e professores do que realmente se trata e se há ou não um tipo de problema pela frente. O cebolinha tem uma dificuldade na articulação que propicia a troca do “R” pelo “L” , sendo necessário trabalhar então a sua fonética.
          Segundo a professora Sandra Hahn, do Departamento de Letras-UFMS, os professores podem trabalhar com gibi em sala de aula, porque eles têm opções melhores para oferecer, segundo ela, a criança não pode ficar só com a ideologia latente do Pato Donald e Superman, mas aos mesmo tempo não é só pegar o Chico Bento para corrigir suas falas. Deve-se respeitar o regionalismo que existe, de forma a mostrar as duas formas da língua: culta e coloquial (1999, pag. 27).
Vale ressaltar que é de fundamental importância alertar aos educadores que é necessário ajudar a despertar o senso crítico da criança, principalmente promover uma reestruturação da sua linguagem, evitando o que chamamos do “imitar”, pois crianças adoram imitar o jeito que o cebolinha fala, a maneira como a “Xuxa” troca os “esses” pelo “x”. Os educadores devem trabalhar o conceito correto da linguagem, evitando modelos inadequados de fala.
         O Chico Bento é um personagem com características voltadas para o zona rural que dentro da dialética, fala uma linguagem da sua região, onde os costumes e tradições influenciam na formação cultural da sua personalidade. Exemplo e que no sul se fala uma coisa e no nordeste outra. “barbaridade, tchê” no sul, “bichinho, avexado” no nordeste.
         O educador deve se preocupar também em diferenciar do que é cultura e do que seja “modelo inadequado de fala”, pois em momentos da sua fala o Chico Bento realmente tem erros de linguagem, sendo necessário o professor ou os pais da criança mostrar o que e o certo e o errado na linguagem.
Maurício de Souza se defende desta afirmação de “modelo inadequado de fala”, ele afirma que com sua fala a moda caipira, o personagem Chico Bento já foi muito acusado de “confundir” as crianças, levando-as a reforçar erros de grafia. “É preconceituoso achar que o Chico Bento fala errado. Ele apenas fala diferente. Nossa língua é rica e comporta diferentes formas de falar. Não há motivo para criança desconhecer essa riqueza”, defende Maurício de Souza (1999, Pag 83). Para reforçar o que ele diz, ele lembra que o Chico Bento é o personagem mais vendido da Turma da Mônica e também o que faz mais sucesso no exterior. Maurício diz ainda que suas inovações na linguagem vão prosseguir e que, no momento, seus estúdios pesquisam a criação de personagens vindos de outras regiões, cada um com sua fala e hábitos típicos, como um nordestino, um gaúcho e até um português. Partindo da mesma opinião, Alice Vieira (1997) acredita que personagens assim enriquecem o universo infantil, por colocarem a criança em contato com realidades diferentes da sua. E, para evitar a eventual fixação de erros, ela sugere que se incentive a criança a transcrever falas como as do Chico Bento para a linguagem aprendida na escola.
         O fato de uma criança já estar alfabetizada não significa que ela seja capaz de compreender uma narrativa. Para Vieira (1997), chegar a esse estágio exige tempo e treino. E, novamente, os quadrinhos podem ser aliados importantes.
                               http://educaja.com.br/2010/11/historia-em-quadrinhos.html

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Gibi é literatura?

O livro ou o gibi é aquele brinquedo,
por incrível que pareça,
que, entre um mistério e segredo,
põe ideias na cabeça”
(Em poesia sapeca, L&PM Editores, Porto Alegre, RS)
Carlos Drumond de Andrade 
           


            Já Cecília Meireles, criadora e mestra, afirma: “A literatura infantil melhor é a que as crianças leem com prazer”, (O livro infantil, pag 29).
           Alceu Amoroso Lima, afirma que “Se a criança perceber desde logo que a leitura é apenas uma forma de educação, e, portanto, mais um empecilho à sua liberdade, não há como lhe impedir a repugnância espontânea a essa nova limitação”.
           Podemos então concluir que literatura para criança é aquela que ela gosta de ler, ou seja, o gibi é considerado um livro de literatura a medida que a criança goste de ler. Devemos dar a liberdade para a criança escolher aquilo que quer ler, jamais ser imposto. A criança gosta de ler o gibi porque pensa que é uma brincadeira, um jogo, mas se ela descobrir que esta desenvolvendo técnicas de leitura a mesma pode até deixar de lado o gosto de ler o gibi.

terça-feira, 14 de junho de 2011

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS - ARTE E LITERATURA



           O homem de Cro-Magnon, o primeiro desenhista, riscava quadrinhos nas paredes de sua caverna: desenhos que mostram aventuras são encontrados nas grutas de Lascaux, na França, e Altamira, na Espanha. Depois, vieram as escritas dos assírios e dos babilônios até que, nas pirâmides do Egito, foram reproduzidas imagens das batalhas, de cerimônias religiosas e da vida dos faraós. Também os gregos, em seus palácios e casas, gostavam de fazer desenhos em alto relevo e foi, assim, que nossa civilização conheceu as Olimpíadas através de histórias em quadrinhos nos vasos e nas estátuas gregas. Por sua vez, os quadros da Via Sacra - a história de Jesus Cristo - que podem ser encontrados em todas as igrejas católicas bem como outras narrativas figuradas em estandartes chineses, tapeçarias medievais, vitrais góticos e livros ilustrados deram origem aos seriados, famosos na televisão. Precursores dos comics podem ser considerados todos os autores da chamada “literatura de estampa”. Assim, em 1798, o inglês Thomas Rowlandson criou o Dr. Sintaxe e, em 1827, o suíço Rudolph Topfler criou o Monsieur Vieux-Bois. Todos esses fatos atestam a importância das gravuras na história da humanidade, no entanto as histórias em quadrinhos (HQ), tal como as encontramos, na atualidade, nos gibis, têm sua origem no século XVIII. Em 1820, na França, vendiam-se as chamadas "canções de cego", tanto em edições populares quanto em edições com luxuosas iconografias (imagens). As "imagens de Epinal", contos infantis com vinhetas e legendas, já tendo heróis de capa e espada, datam dessa época. Tinham por propósito dar ao povo a chance de transferir-se para a vida romanceada de seus ídolos. E, nos EUA, em 1822, a imprensa transformou-se por causa do surgimento da litografia e, em 1823, em Boston, um almanaque publicado pro Charles Ellms traz, pela primeira vez, entre passatempos e anedotas, alguma historietas cômicas até que, em 1846, aparece em Nova Iorque a primeira revista exclusivamente com essas historietas intitulada Yankee Doodle. Enquanto isto, os europeus liam os Rebus (historietas de conteúdo social) e os japoneses contavam com as histórias da dinastia Meigi ilustrada em quadrinhos. Um dos pioneiros dos quadrinhos é Rudolf Töpffer, artista e escritor suiço, com o sr Vieux-Bois, em 1827. Outros nomes importantes e pioneiros: Henrique Fleiuss, 1861, com Dr. Semana e Wilhelm Busch, 1865, com Max e Moritz, garotos travessos - publicados no Brasil como Juca e Chico na tradução de Olavo Bilac.
         Marco importante, porém ausente de muitas publicações, foi que um italiano radicado no Brasil, Angelo Agostini(1843-1910), desenhou e publicou, dia 30 de janeiro de 1869, na revista "Vida Fluminense" os quadrinhos "As aventuras de Nhô Quim ou Impressões de uma viagem à Corte".
           Outro marco importante da história das Histórias em Quadrinhos deu-se em 1860 quando Gustavo Doré tentou ilustrar uma piada. Era como se tivesse dado o pontapé para a partida das criações de personagens em quadrinhos. Pois, em 1865, Richard F. Outcault criou o Yellow Kid que, muito depois, em 16 de fevereiro de 1896, apareceu no jornal New York Sunday World - publicado somente aos domingos como sugeria seu título. Tal acontecimento foi resultado da insistência do técnico do jornal, Benjamim Day, que precisava testar uma tinta amarela com um secador especial e o camisolão do garoto, com frases tiradas de charges políticas, foi pintado com a cor. Note-se que o nome de Garoto Amarelo era referência a um menino pobre das favelas de Nova Iorque.
          Um ano antes, em 1895, Christophe, pseudônimo de Georges Colomb, criou A família Fenouillard, no entanto o mérito de Outcault foi o de introduzir os balõezinhos contendo as falas dos personagens e a ação fragmentada e seqüenciada, as tirinhas, iniciando nova forma de expressão. Novos sinais gráficos aparecem nas aventuras de Os sobrinhos do capitão, em 1897, criação de Rudolph Dirks. Os desenhos eram até, então, divididos em quadros acompanhados de legendas, dando continuidade às ações. e, não demorou muito para que Quadrinhos(*) passasse a ser definido como a arte de narrar uma história através de seqüências de imagens, desenhos ou figuras impressos, colocando-se os diálogos e os pensamentos dos personagens e a própria narração dentro de espaços irregulares delimitados no formato de figuras geométricas popularmente chamadas de balões. Estes originaram-se dos filactérios, faixas com palavras escritas junto à boca dos personagens, usadas em ilustrações européias desde o século XIV.
       Para se ter uma idéia da importância dos quadrinhos, eles estão até em museus. No acervo do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque encontra-se alguns originais de Little Nemo, criado em 1905 por Winsor McCay, justamente no ano que foi publicada a primeira revista brasileira de quadrinhos: "O Tico-Tico". Os desenhos de McCay, além da riqueza e criatividade no uso das cores, têm traços surrealistas, enquadramentos panorâmicos, grandes perspectivas arquitetônicas, jogos de corte e seqüências, os quais prenunciam o cinema de vanguarda. Quando Walt Disney lança Mickey Mouse, em 1928, os quadrinhos, ao contrário, é que já estão sofrendo influência do cinema cor cortes rápidos, angulação variada e a ação seriada dos episódios, mas ainda são tão importantes que não demora para Mickey Mouse migrar do desenho animado para os quadrinhos.
        Em 1929, há uma mudança significativa na produção das HQs: personagens infantis e seus familiares, com traços cômicos, são produzidos concorrendo com histórias de aventuras de Tarzan, herói das selvas imortalizado nos traços de Burne Hogarth, e Buck Rogers, ficção científica retratando o século XXV. Novo heróis vão surgindo: Tintin, adolescente, escoteiro e repórter, acompanhado do seu cão Milou e Popeye, o marinheiro comedor de espinafres que causa até o aumento do consumo dessa verdura em vários países.
        O sucesso das histórias de aventuras leva o Chicago Tribune a encomendar os quadrinhos do detetive Dick Tracy(1931) a Chester Gould, o qual influenciará, com seus traços, os cineastas Alain Resnais e Jean-Luc Godard. Por sua vez, o cinema expressionista alemão e os cineastas Hitchcock e John Ford influenciam os quadrinhos de Alex Raymond (1933 - Flash Gordon), Milton Caniff (1934 - Terry e os piratas) e Hal Foster (1937 - O príncipe valente).
         Foi assim que, além de vários personagens inventados, literários clássicos e de mitologia também passaram a ser contados em quadrinhos, transmitindo cultura a pessoas de todas as partes do mundo. Dessa forma, o Gibi tornou-se um importante meio de comunicação, influenciando a música e o cinema, passando a modificar o cotidiano das pessoas. Na América Latina, durante as ditaduras militares, surgiram heróis como os Fradinhos, do Henfil, a Graúna e Rango, um personagem visando denunciar a fome. No Brasil, contemporâneos de Henfil, fizeram e ainda fazem sucesso: Angeli, Maurício de Sousa e Ziraldo.
          Vários desenhos foram e são usados para promoções eleitorais ou campanhas governamentais. Durante a II Guerra Mundial, por exemplo, era fácil encontrar os Super-heróis lutando contra os nazistas e os japoneses tanto que, em 1940, o Super-homem foi acusado de "judeu sujo" pelo jornal Das Schwarze Korps por ter auxiliado a destruir os alemães. Hoje, os quadrinhos estão por toda parte, podendo servir tanto para o divertimento quanto para uma campanha de economia de água ou alerta dos riscos de doenças como a cólera e a AIDS, sempre trazendo uma mensagem e, nela, uma ideologia.
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